Escuridão por Bitcoin

A Verdade Gelada por Trás da Farsa da Mineração no Irã

Nos últimos cinco anos, acompanhei dados da cadeia desde Dubai até Seul, mas nada me preparou para o que encontrei na economia subterrânea de Teerã. Um país com 20% de desemprego e infraestrutura em colapso alimenta milhares de mineradoras ASIC — enquanto hospitais apagam e famílias perdem refrigeração.

Isso não é uma gangue de hackers. É lavagem energética patrocinada pelo Estado. O Corpo Revolucionário Islâmico (IRGC) não entrou na mineração — ele a controla. E faz isso com eletricidade pública, sem pagar nada.

Acha que sua mineradora consome muito? Imagine: um único bitcoin minerado no Irã consome mais de 300 megawatt-horas — suficiente para alimentar 35.000 casas por dia. Isso não é eficiência — é extorsão.

Quando as Redes Elétricas Tornam-se Minas Privadas

Em 2019, o Irã legalizou a mineração de cripto — sob condições rigorosas: vender todo BTC ao banco central a preços de liquidação. Parece justo? Não quando se sabe que mais de 85% dos mineiros operam ilegalmente.

Mas aqui está o ponto-chave: os poucos licenciados geralmente estão ligados a subsidiárias do IRGC ou fundações religiosas como Astan Quds Razavi — os mesmos atores que controlam metade dos fundos religiosos do país.

Eles não pagam contas porque não aparecem como clientes no papel. Constroem subestações privadas dentro de zonas militares e usam ‘interesse nacional’ como escudo.

E quando fiscais aparecem? Guardas armados bloqueiam o acesso.

Sim, guardas armados.

Um funcionário governamental admitiu: “Não podemos fechá-las porque não temos jurisdição.” Isso não é governança — é corrupção com apoio militar.

O Custo Real da Eletricidade “Grátis”

Seja claro: cada quilowatt-hora roubado das casas iranianas alimenta a margem de lucro alheia.

Quando ondas de calor atingiram o Irã em 2024, temperaturas ultrapassaram os 50°C em Teerã e Isfahan. Escolas fecharam; hospitais funcionavam apenas com geradores; as pessoas faziam filas durante horas só para reabastecer tanques d’água.

Enquanto isso, minas movidas por gasodutos subterrâneos continuavam ligadas — usando combustível subsidiado apenas para gerar moedas digitais avaliadas em US$40 mil cada.

A ironia? Um regime que se diz anti-imperialista usa cripto para contornar sanções ocidentais — como se roubar energia do próprio povo não fosse imperialismo suficiente.

Falando em números:

• Até 2 GW consumidos por mineiros não registrados durante picos de demanda — equivalente à produção de dois reatores nucleares.
• Mais de 180 mil ASICs ativos no Irã — quase metade controlados por atores ligados ao governo.
• Perdas estimadas em mais de US$25 bilhões anuais por falhas e paralisações industriais — pagas pelos iranianos através da inflação e perda de empregos.

The math is undeniable: quando você minerar Bitcoin usando infraestrutura nacional sem consentimento ou responsabilidade, você não está investindo — você está saqueando.